sábado, 6 de fevereiro de 2010

Renovação

Faz 3 meses que não passo por aqui. Quem leu meus últimos textos pode perceber que eu não estava nada, nada bem a 3 meses atrás e, sinceramente, eu pensava que estaria assim por muito, mas muito mais tempo mesmo. Então o mundo deu uma volta de 360 graus nesses 90 dias e hoje estou onde nunca imaginaria estar. Tudo bem, é pouco tempo, mas juro que tudo mudou, a minha cara, o meu corpo, o meu otimismo e a minha maneira de enxergar o futuro e eu jurei que só voltaria aqui quando estivesse tranqüila o bastante pra escrever sem chorar e sem me lamentar de nada e acredito de verdade que estou pronta pra isso.

Aconteceu o seguinte, eu perdi de repente o que eu acreditava ser o meu porto seguro. Passei pelo fim de um casamento arruinado sem nenhum louvor e embora eu soubesse que nunca daríamos certo, eu preferia ser infeliz junto a ser feliz sozinha. Pode parecer uma grande estupidez e hoje eu sei que é, mas cega pela tonteria que causa o não, era impossível dar-me conta de que a minha vida e a minha felicidade são responsabilidades só minhas e de mais ninguém. Enfim, passou. Passou com muita turbulência, com muitas noites em claro, com telefonemas desesperados, com vontade infinita de dormir aqui e acordar em outro plano, com ameaças, com apelos ridículos, com a fuga do amor próprio e por fim, herculeamente, juntei todos os pedaços e recomecei. E já que era pra sair da minha zona de conforto, sai totalmente. Sai da minha casa, sai da minha cidade, saí do meu trabalho e fui correr o mundo a fim de crescer pessoal, profissional, emocional e espiritualmente. Seria muita pretensão minha dizer que consegui em três meses tudo isso com perfeição. Não ainda e acho que deve levar uma vida inteirinha e ainda faltar algo, mas agora ao menos, me sinto a caminho de.

Agora vivo, trabalho, como, durmo, amo, me divirto, me entristeço, tenho saudade, gargalho, choro e faço tudo o que uma pessoa normal faz em um navio que viaja o mundo e a grande diferença é que aqui não tenho amigos de infância, não tenho um telefone disponível a qualquer hora pra encher os ouvidos da primeira pessoa paciente e disposta, tenho regras que nunca aceitaria antes, tenho que compreender línguas que não falo e a cultura de cada um, e respeitar, viver sempre longe da minha família que é tão importante pra mim, lidar com o cansaço, arrumar assunto pra falar com pessoas que vejo mais do que vi todos os meus a vida toda, comer a comida que tem gostando ou não, trabalhar, trabalhar e trabalhar.

Sinto-me muito bem assim. Estou sendo obrigada a crescer todos os dias e ainda falta muito pra chegar onde quero, mas o medo que me impedia de colocar a cara pra fora já não existe mais.

Passei por lugares lindos e se alguém me perguntasse há um ano atrás se eu pensava que isso fosse possível, eu seguramente responderia que não. Mas foi e tem mais, graças a Deus!

Tenho também um novo amor, que é particular, diverso, porque é tranqüilo e embora eu saiba que pode acabar a qualquer momento, já que somos de países muito distantes e temos dia e hora pra voltar pra casa, não fico triste, ele me faz sorrir muitas vezes ao dia e basta, é assim que deve ser.

Fiz novos amigos, que me ajudam um pouquinho a segurar a imensa saudade dos velhos amigos, mas só um pouquinho, por que ninguém que é importante pra mim pode ser substituído e quando eu amo, eu amo de verdade, eu amo você, amo os seus defeitos, amo sua família, seu cachorro e até o seu chulé se você tiver, então, queridos amigos que foram tão perfeitos quando eu precisei e quando eu não precisei também, eu os amarei pra sempre e não sei quando, mas estarei novamente com cada um como se essa distancia nunca houvesse existido.

Fiz também algumas coisas que eu jurei de pé junto que nunca, mas nunca mesmo, nem amarrada faria e me sinto em paz por ter feito, porque agora posso falar com propriedade se quero, se gosto, se preciso ou não. E nunca mais gostaria de dizer nunca, embora esteja dizendo agora por que não consigo achar outra forma de dizer isso.

A quem se importa, estou muito bem. Cansada pra cacete, é verdade, a vida aqui não é nem um pouquinho fácil, mas bem e quando não estiver mais, mudo tudo de novo por que a única obrigação que a gente tem nessa vida é de ser feliz, o resto se pode mudar se assim se desejar.

E agora estou me preparando pra conhecer a neve, a gente que vive onde neva, o lugar onde neva, talvez testemunhar um pouco da presença de Deus em lugares que só com a ajuda dele mesmo poderia chegar. Paz!



segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Na nossa casa

Quando anoiteceu
Nenhuma luz na nossa casa se acendeu
Aonde você estava?
Aonde estava eu?
Se tudo parecia nada, ainda assim o nada era mais do que você deixou
No fim
Quanto anoiteceu
Quando algo em que a gente acreditava se perdeu
Por onde você andava?
Por que não me socorreu?
Não é o fim do mundo
É só o fim de tudo o que fomos nós
Sem flutuar e sem tocar o fundo, sempre sós!

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Haverá paradeiro para o nosso desejo dentro ou fora de um vício?
Uns preferem dinheiro, outros querem um passeio perto do precipício.
Haverá paraíso sem perder o juízo e sem morrer?
Haverá pára-raio para o nosso desmaio no momento preciso?
Uns vão de pára-quedas, outros juntam moedas antes do prejuízo.
Num momento propício haverá paradeiro para isso?
Haverá paradeiro para o nosso desejo dentro ou fora de nós?

Paradeiro - Arnaldo Antunes e Marisa Monte.

terça-feira, 29 de setembro de 2009


...Tudo se tentou, tudo foi feito...
Então, enfim, apaguei seus sinais!

Tell me, do you remember?

Era o mundo lá fora.
Eram idéias distintas, respeitadas.
Era futuro.
Eram duas escovas de dentes no mesmo armário.
Era sexo sintonizado.
E troca de segredos. Por quantas vezes o raio x da alma?
Seguido de um sorriso envergonhado.
Era musica boa.
Era vontade de dançar. Era domingo.
Era melhor!
Era antes da bifurcação.
Mas ainda prefiro sentir, à frieza da certeza.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Sinonimo

Calmaria de sorriso perfeito.
Inteligencia com bom humor.
Bom senso e ouvidos atentos.
Nenhuma exigência.
Comentários ponderados.
Carne que os dedos gostam.
Garra que admiro.
Beijo longo.
Sardas desenhadas.
Olhar doce.
Voz de paz.
Melodia.
Alegria no meio de uma tarde gris.
A areia sob o pés.
A chuva sobre a cabeça.
Sinonimo de inesperado.
À beira da distância.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Nicole

Veio sem planejamento, pegou todo mundo de surpresa.
Mediante à uma tempestade de acontecimentos, de gente que se não se entendia, de gente que fugia da ideia da sua existência e de gente que se preocupava com o que seria dela.
Os meses foram passando, e ela foi tomando uma proporção cada vez maior. Foi crescendo e tomando seu espaço, se fazendo notar pelo tamanho e pelas reações de quem a carregava.
Os sentimentos foram aparecendo, mesmo naqueles que tanto resistiram. Uns deprimiram, outros se prepararam, eu só queria ouvir a sua voz e ver o eu sorriso, o resto vem depois.
Apressada como eu, devia estar ansiando pra conhecer o mundo lá fora e um pouco antes do seu tempo, ameaçou fugir. Mas não era sua hora, teve que esperar. E nós também.
Mas ela chegou.
De sorriso banguelo, cara enrugada, careca e incrivelmente linda. Parecida com ninguem, só um pedacinho de carne distribuido entre perninhas magrinhas, barriguinha, bochechas com cheiro de leite e dedinhos minúsculos, como de boneca, que apertaram ao meu dedo indicador como se me reconhecesse. Como se dissesse: eu sei que você estava me eperando!
Eu chorei de emoção.
Eu queria ficar a vida perto dela, mas não é assim.
Tambem por ela, vou onde puder alcançar, pra poder um dia ajudá-la a realizar seus sonhos.
Rezo pela sua caminhada, pra que tenha flores, pra que tenha paz, pra que tenha amor.
E que eu consiga ser pra ela o que ela precisar de mim.
Bem vinda ao mundo, Nicole. Eu te amo.