quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Convite indecente

Rapidinha...

Passei a vida todinha que Deus deu pegando milhares de ônibus, barcas, moto-táxis, balsas, pagando pedágio, contribuindo fielmente com a receita da Dersa e da Translitoral pra poder ficar mais perto dos meus amigos que moram todos na civilização, enquanto eu humildemente me hospedava lá no Bronx. Em dias de sol, se eu não quisesse pegar uma corzinha a sós com meu eu, tinha que fazer o trajeto nada prático de atravessar duas cidades pra encontrá-los. Tá, sem drama, eu agora moro a uma quadra da praia, a 20 minutos da casa da amiga que está mais distante e, hoje, por ironia brabíssima do destino, eu recebo o seguinte telefonema da amiga sem nenhuma noçãozinha do perigo e sem amor à própria vida:

- Oi Lú, pode falar?

- Claro gata, manda!

- Você vai trabalhar no feriado?

- Não, por que? (nunca sei qual o porque devo usar, não estranhem!)

-Vamos à praia???

-Claro!!!

-Então tá! Eu combinei com a fulana de irmos lá pro Guarujá.

-Legal, vamos sim.

-Então, mas eu não queria ir de carro...então combinamos de ir de moto e aí você encontra a gente lá...

-tu tu tu tu tu tu tu...

Essa era a minha vontade, delisgar o telefone na carinha de madeira dela, mas respondi:

- A gente pode combinar isso depois???

Não é uma indecência isso??? Agora fala, cometo esse crime agora ou espero passar o feriado???

Mães sempre têm razão!

Alguns meses antes de conhecer meu ilustríssimo esposo, andava de "caso" com um rapaz...Caso esse que durou mais de um ano, mas sem sequência nenhuma, nem nada que se concretizasse. A gente "ficava", igual aos adolescentes que não sabem nem como se namora ainda, mas já beijam na boca. Minha vida era assim, uma incerteza. E eu era doidinha por ele. Vivia no mundo da lua, pensando como seria a hora em que a gente se encontrasse. Contava os dias pra chegar o fim de semana pra eu ir correndo para os lugares onde eu bem sabia que ele estaria. Ah, a sexta feira, que dia distante!!!
Fim de semana lá ia eu. O roteiro era sempre o mesmo, afinal de contas o rapaz trabalhava na "balada", então eu tinha que fazer a frequentadora assídua do lugar pra poder vê-lo, não tinha nem vergonha. Tudo bem que, além de tudo, eu tinha que contar com a sorte pra que as coisas rolassem como eu havia planejado no meu mundinho de idéias fracas, por que ele podia escolher simplesmente ficar sozinho ou com outra pessoa, afinal, como eu já expliquei antes, a gente ficava.
Agora, a verdade seja dita, ele nunca me enganou. Não, não e não. Nunca fez promessas, nunca disse que me amava, nunca beirou nada que pudesse se aproximar de um relacionamento. Eu é que dava uma de louca e achava que as coisas poderiam mudar assim que ele se apaixonasse por mim. Nem eu acredito que eu pensava isso...
Mas ele era romântico, me olhava nos olhos, fazia questão de dizer o quanto me achava linda, poderosa, competente, merecedora de um bofe melhor, blá blá blá.
Ele me pegava nos braços e me conduzia numa dança de rosto colado, onde quer que estivéssemos, como se houvesse somente nós no mundo. Me cantarolava musicas lindas quando estávamos a sós e gostava de dormir agarrado, coisa que só no universo feminino é considerado super, hiper, ultra, mega legal. Era um caixinha de surpresas e me dava arrepios só de pensar nele...frios na barriga foram tantos que quase congelou. Eu tinha certeza que ele era o máximo.
Minha querida mãe, que tem um canalhômetro apuradíssimo, nem precisou conhecer o cidadão. Só de ver a minha cara chegando em casa nos dias seguintes da vida, toda torta e com cara de quem tinha ganho na mega sena mas perdeu o bilhete, já tirou suas conclusões. E mãe, gente, é mãe. Aqui, na China, na Indonésia ou na Groelândia, são todas iguais, competentíssimas na arte de reconhecer o que faz ou não bem às suas crias. Mas, e pra gente aprender e absorver isso??? Que luta!!! Eu preferia a morte à ter que ouvir novamente a pergunta: "Mas ele já esclareceu o que quer com você???". Tá amarrado. Eu não tinha a resposta que ela (e eu tambem, vamos deixar claro) queria.
Esse caso nunca evoluiu. Ao contrário, involuiu. E eu tambem, já quase tarde, cansei e fui entendendo que é impossível despertar interesse em uma pessoa que não está afins, etc e tal.
Mas acontece que tudo, tudo mesmo, tem um lado bom e depois de tantos desejos mal direcionados, já recomposta do tornado, pude perceber que essa relação maluca foi um divisor de águas na minha vida e hoje agradeço o fato de esse cidadão ter cruzado o meu caminho e tropeçado em mim. Ele me dizia que eu jamais o esqueceria e tinha absoluta razão. Quando tudo isso acabou, acabou tambem a minha inocência descabida e eu não me permiti mais colocar aquela venda maldita que me ocultava as deficiências que a minha ansiedade e meus sonhos desvairados causavam a qualquer coisa que pudesse virar um relacionamento. Ele me trouxe de volta à superfície e me deu uns tapinhas na cara, afim de me acordar. E acordou. E ficou evidente que para as pessoas que querem estar junto, não importa se está nevando ou fazendo sol, se os relacionamentos anteriores deram certo ou não, importa é estar junto. E que, seja o bofe bem como for, não é melhor que você. E que, onde eu estava com a cabeça quando concentrei minhas energias numas de transformar alguem na pessoa que só eu gostaria que ele fosse? Fiz a lição de casa direitinho e encadernei o trabalho. Tudo isso a minha mãe já dizia há tanto tempo, tão sabiamente apesar de vivermos com os pensamentos em planetas tão distantes. E eu insistia em não ouvir. Salve as matriarcas!!!!

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Apresentação

Olá a todos! Há anos tenho vontade de escrever um blog...leio muitos, comento em alguns, acho interessante a idéia de compartilhar-me com pessoas que virão a ser amigos virtuais e que talvez eu nunca veja pessoalmente. No entanto nunca o fiz por insegurança, quem mais se interessaria por assuntos comentados sob a minha ótica? Bom, depois de tanto tempo dormindo em cima dessa possibilidade, decidi que isso já não importa mais, eu preciso falar, reclamar, agradecer, elogiar, expor e ponto! Aqui pretendo falar de tudo, sem restrições. De mim, de outros, de situações, de lugares, de músicas, recordações...
Antes, me apresento. Luciana, santista, casada, mãe de um cachorro, pisciana distraída e apaixonada, do lar nas horas vagas, representante de vendas por obrigação, cabelereira por paixão. Ex-estudante da faculdade Jornalismo, covarde o bastante para não exercer.
Anseio aqui me fazer entender, coisa que não é tarefa simples. Espero também conhecer gente bacana, muitas idéias discutíveis, muitos textos interessantes, muitas coisas novas, sejam da categoria que forem.
O nome, Subúrbio Chique, veio de uma das tantas "viagens" com um amigo e seria o nome da nossa casa noturna, um dos "tantos" projetos que tivemos. Como morávamos até então em um suburbão danado, sem perder a pose, saiu isso, que por acaso é a minha cara mesmo.
Agora, aguenta! Welcome! Luciana